Foto do porta-retratos mostrando a minha mãe (sinalizada com a seta) e algumas crianças antes do embarque, com o nariz do DC-4 da PAA no canto direito. |
MINHA MÃE E O DC-4 CLIPPER WEST WIND
Autor: Marcelo Magalhães ©Uma foto em preto e branco na casa dos meus pais que há anos está emoldurada num belo porta-retrato prateado é um documento histórico que revela o quanto a aviação comercial evoluiu para chegar no presente estado de arte do século XXI – e, por outro lado, revela o quanto viajar de avião nos anos do pós guerra constituía-se em verdadeira “aventura”. Nela vê-se um DC-4 da Pan American World Airways (PAA), fotografado no Aeroporto de Morón, que então servia a capital argentina, girando os “potentes” motores radiais Pratt & Whitney.
A clássica aeronave estava prestes a partir com minha mãe – então com sete anos -, seu irmão caçula e a avó para Nova Iorque, onde iriam encontrar seu pai, que fazia estudos em uma universidade norte americana. A data, anotado no verso da foto, era o hoje longínquo 18 de dezembro de 1947; a hora registrada: 9h30.
O DC-4 da Pan American N88923 “Clipper West Wind” prepara-se para a decolagem desde Buenos Aires para o longo voo até Nova Iorque, na manhã de 18 de dezembro de 1947. |
Minha mãe lembra das escalas em Belém e San Juan, com destaque para o calor úmido e sufocante experimentado ao descer na escala feita na capital paraense. Também recorda o voo turbulento, à relativa baixa altura – devido à ausência de pressurização no DC-4 -, o que lhe causou náuseas constantes durante todo o percurso.
Estudando-se o time-table da Pan American publicado em novembro de 1947, pode-se depreender que o Douglas iniciava a longa jornada do voo “Clipper 202”, que fazia diariamente a rota entre Buenos Aires e Nova Iorque (Aeroporto de La Guardia), com paradas em Montevidéu, Rio de Janeiro (Galeão), Belém, Port of Spain e San Juan de Porto Rico, chegando à “Big Apple” após 36 extenuantes horas (contando tempos em solo nas escalas).
Os DC-4 da PAA apresentavam três configurações básicas: a “sleeperette”, mais luxuosa, com assentos reclináveis a quase 180º, com capacidade para até 30 passageiros, a versão “regular”, para até 44 passageiros e a “turista”, de alta densidade, com capacidade para 61 passageiros. Entre 1945 (juntamente com os L-049 e L-749) até a chegada dos DC-6B a partir de 1952, os DC-4 constituíram-se no esteio da frota long haul da Pan American. Começaram a ser utilizados nos serviços para a América do Sul a partir de meados de 1946 em substituição aos DC-3 e Boeing 307 Stratoliner. A empresa chegou a operar com um total de 92 DC-4 servindo aos mais díspares e distantes pontos do globo alcançados pela extensa malha da “The Chosen Instrument” nos anos que sucederam a Segunda Guerra Mundial.
Folder do DC-4 da Pan American, mostrando as configurações internas.
Extensa malha de rotas da PAA em 1947. |
C-54 “Skymaster no padrão USAAF. |
Foto do Clipper West Wind agora reg. N3082, no fim de sua longa carreira, em FLL, sem várias partes (1981). |
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