terça-feira, 28 de julho de 2020

HISTÓRIA: 70 ANOS DA MAIOR TRAGÉDIA DA AVIAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL


PP-PCG no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro/RJ (Arquivo Vito Cedrini)

    Este dia 28 de julho de 2020, registra os 70 anos do maior acidente aéreo da história da aviação no Rio Grande do Sul.

    Naquela sexta-feira de inverno, o majestoso Lockheed L-049 Constellation da PANAIR DO BRASIL, prefixo PP-PCG, realizava o voo PB099 da Capital Federal, o Rio de Janeiro, para a Base Aérea de Gravataí (atual Base Aérea de Canoas - ALA 3), na região metropolitana de Porto Alegre/RS. A decolagem estava programada para 09h30, mas após vários adiamentos, o avião decolou somente às 15h20, sob o comando do lendário Comandante Edu (Eduardo Martins de Oliveira) e do co-piloto Guirlanda Dominico Sávio.

    O PP-PCG (cn 2062) originalmente era um Lockheed L-49-51-26, encomendado pela Pan American Airways, onde deveria voar com a matrícula NC88862, o que nunca aconteceu. Em 14 de maio de 1946 ele foi entregue diretamente da fábrica para a Panair do Brasil.

L-049 PP-PCG  (Panair ©)

    Considerado o "Príncipe do Ares", o gigante Constellation era muito pesado para pousar na pequena pista de terra do acanhado aeroporto da Capital Gaúcha. Até a inauguração da pista de concreto em 1954, todas as operações regulares com grandes aeronaves, incluindo os Constellations, eram realizadas no aeródromo militar da Base Aérea de Gravataí.

    Ao cair daquela noite, o aeródromo de Gravataí estava com chuva moderada e uma baixa camada de nuvens, que restringia as visibilidades horizontal e vertical. A tripulação do PB99 efetuou duas tentativas de pouso na pista 11, ambas sem sucesso. As más condições meteorológicas atrapalhavam o avistamento da pista, no segmento final de aproximação do procedimento instrumentos (IFR). 

    Após a segunda arremetida, a Torre do Aeroporto Federal de Porto Alegre - São João (atual Aeroporto Salgado Filho), orientou o Panair "Papa-Chalie-Gama" (indicativo de chamada no rádio), subir e manter 600 metros de altitude. A instrução passada pela Torre, não foi cotejada (repetida) pela tripulação da aeronave, que estava com dificuldades de manter contato via rádio.

    O livro "Acidente no Morro do Chapéu", de Abraão Aspis (2007), relata que o piloto solicitou tentar a aproximação para a cabeceira oposta (pista 29), mas não foi autorizado pelo controlador da Torre.
Livro de autoria do Sr. Abrão Aspis

    Com o nível de combustível próximo ao limite de segurança, o Comandante Edu tentaria fazer a última aproximação, antes de prosseguir para um aeroporto alternativo. Buscando contato visual com a iluminação da pista, ele circulou pelo norte da Base Aérea de Gravataí, mantendo baixa altura, afim de prosseguir para a terceira tentativa de pouso na pista 11.

    Aproximadamente as 19:20LT os moradores da região ouviram o forte estrondo da colisão do quadrimotor contra o Morro do Chapéu (ou Cerro das Cabras), no município de São Leopoldo (atual Sapucaia do Sul), situado a 8 km ao norte do aeroporto. Infelizmente faleceram todas as 51 pessoas que estavam a bordo do PP-PCG (7 tripulantes e 44 passageiros).
Capa do Jornal Correio do Povo de Porto Alegre, na manhã seguinte

    No início da década de 1950, a navegação aérea por instrumentos no Brasil estava nos seus primórdios. O procedimento de aproximação final era realizado contanto o tempo no cronômetro e observando as marcações dos rumos magnéticos num instrumento de bordo, cuja agulha apontava em direção a uma estação de rádio em terra. Por alguma razão, o experiente piloto em comando do Panair 99, não recebeu a orientação da Torre de Controle para subir e manter  600 metros de altitude. Infelizmente na tentativa de manter contato visual com o terreno, bateu violentamente contra o Morro do Chapéu, cuja elevação é de aproximadamente 290 metros.
Diagrama com o local do acidente

    Por muitos anos, este lamentável acidente manteve o triste recorde de ser a maior tragédia da aviação brasileira.

    Dois dias depois esta tragédia com o Constellation da Panair, um bimotor Lodestar da S. A. Viação Aérea Gaúcha (SAVAG), desapareceu no interior do Rio Grande do Sul com um ilustre passageiro a bordo. Mas, esta é outra história que contaremos aqui em breve.



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