Boeing 727 TransAfrik (S9-NAZ) - Lucapa 1994 © Don Rogers - Airliners.net
Por mais de 20 anos, Angola sofreu com uma guerra civil que destruiu parte da sua infraestrutura. Muitas regiões remotas ficaram isoladas da capital e o avião era o único meio de transporte disponível e "seguro". Aeronaves a pistão e turboélices eram largamente utilizadas, mas voavam baixo e eram lentas, tornando-se alvos para o mísseis anti-aéreos. Para suprir a necessidade estratégica emergencial, foram colocados em operação jatos comerciais de médio porte, que começaram a voar para locais minimamente providos de estrutura para recebê-los, o que incluía até mesmo aeródromos com em pistas não pavimentadas.
Empresas como a TAAG, Sonair, TransAfrik, AirGemini, entre outras, adquiriram vários Boeings 727 para levar todo o tipo de carga, desde pessoas, alimentos, diamantes, combustível e obviamente... armamentos. Cenas impressionantes dos Boeings pousando e decolando em pistas de terra (inclusive a noite!) chamaram a atenção de um canal de TV francês, que acabou produzindo um extenso documentário sobre essas operações. O filme mostrou em detalhes as condições precárias que aviação angolana atravessava naquele período, enfatizando os pousos e decolagens sob densas nuvens de poeira, principalmente nas pistas do Saurimo e de Lucapa, duas importantes minas diamantíferas muito bem protegidas pelo governo.
O documentário "TANKERS EN PLEIN CIEL" produzido pela TV France 5, está disponível no Youtube (em francês) e pode ser acessado no link a seguir: www.youtube.com/watch?v=12eyRSdPAw8
As imagens a seguir de autoria de Alexandr Lazarev, e disponibilizadas no site www.Spotters.net.ua, mostram dois clássicos da aviação mundial comendo poeira na pista do aeródromo do Andulo em 1995.
As empresas são as congolesas NEW ACS-TRANSAIR CARGO com o seu Boeing 707-123B (9Q-CJT / cn 19335), fabricado em 1967 e a WALTAIR com o seu Sud Aviation SE 210 Caravelle 11R (9Q-CNA / cn 240), registrado numa cena dramática quase tocando os pneus na terra angolana.
Cabe ressaltar que o Andulo era conhecido como o "bastião" dos rebeldes, portanto esses voos eram operações clandestinas no espaço aéreo angolano. Segundo testemunhas da época, câmeras fotográficas e filmadoras não eram bem-vindas nesse local, o que faz dessas imagens raros e importantes registros para a história da aviação.
Autor: Alexandr Lazarev © spotters.net.ua
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