CMTE CARLOS DUFRICHE via VITO CEDRINI © GIG 19/11/1970 |
Naquela manha fria de inverno, uma multidão se aglomerava nos arredores do Aeroporto de Paine Field, Everett, no estado norte-americano de Washington, onde fica a fábrica da Boeing. Naquele dia ocorreria a primeira decolagem do gigantesco Boeing 747, até então o maior avião de passageiros já construído pelo homem.
Pouco antes do meio-dia o N7470 (cn 20235), um colosso de dois andares e 70 metros de comprimento, tirou os seus 18 pneus do chão e ganhou os ares para a incredulidade da maioria das testemunhas que viram nascer ali um dos maiores sucessos da aviação comercial de todos os tempos.
BOEING © PAE 19/02/1969 |
Em pouco tempo o sucesso do "Jumbo" se espalhou pelo mundo e centenas de companhias compraram o 747 e faziam dele padrão para os seus anúncios, tornando o avião popularmente conhecido, mesmo para aqueles que nunca pisaram num aeroporto.
Cinco décadas se passaram e o 747 ainda é fabricado pela Boeing, que contabiliza mais de 1500 aeronaves construídas em seis modelos básicos e dezenas de variantes.
NO BRASIL
Contrastando o gigantismo do sucesso mundial, a história do Boeing 747 no Brasil tem um capítulo minúsculo. Apenas uma dúzia de aeronaves operadas pela Varig e uma tentativa da AeroBrasil Cargo resume a passagem do Rei dos Ares na frota brasileira.
A primeira vez que um Jumbo pousou no Brasil foi em 19/NOV/1970 no Aeroporto Internacional do Galeão/RJ (GIG). O Boeing 747-100 da Northwest Orient (N610US), utilizado como demonstrador pelo fabricante, realizou um tour pela América do Sul, chegando ao Rio de Janeiro procedente de Buenos Aires, com 58 passageiros a bordo, entre eles o presidente da Varig, potencial cliente do avião. Centenas de pessoas foram ao Galeão para ver o mega-avião, que devido as inéditas dimensões trouxe consigo uma escada especial para ser acoplada às existentes no aeroporto. O N610US realizou apenas um voo de demonstração com duas centenas de convidados e autoridades, e permaneceu no Brasil por dois dias apenas.
Cinco décadas se passaram e o 747 ainda é fabricado pela Boeing, que contabiliza mais de 1500 aeronaves construídas em seis modelos básicos e dezenas de variantes.
NO BRASIL
Contrastando o gigantismo do sucesso mundial, a história do Boeing 747 no Brasil tem um capítulo minúsculo. Apenas uma dúzia de aeronaves operadas pela Varig e uma tentativa da AeroBrasil Cargo resume a passagem do Rei dos Ares na frota brasileira.
A primeira vez que um Jumbo pousou no Brasil foi em 19/NOV/1970 no Aeroporto Internacional do Galeão/RJ (GIG). O Boeing 747-100 da Northwest Orient (N610US), utilizado como demonstrador pelo fabricante, realizou um tour pela América do Sul, chegando ao Rio de Janeiro procedente de Buenos Aires, com 58 passageiros a bordo, entre eles o presidente da Varig, potencial cliente do avião. Centenas de pessoas foram ao Galeão para ver o mega-avião, que devido as inéditas dimensões trouxe consigo uma escada especial para ser acoplada às existentes no aeroporto. O N610US realizou apenas um voo de demonstração com duas centenas de convidados e autoridades, e permaneceu no Brasil por dois dias apenas.
Jornal do Brasil © 20/11/1970 |
A história do Boeing 747 no Brasil começou por conta de uma guerra diplomática entre os Estados Unidos e a Líbia. Um embargo comercial imposto ao Coronel Muammar Gaddafi pelo governo norte-americano, vetou a entrega de três 747-200 encomendados pela Lybian Arab Airlines em 1980.
Com dois 747-200 prontos e o terceiro na linha final de montagem, a Boeing os ofereceu à Varig com a vantajosa opção de entrega imediata. Desta forma em 09FEV/1981 os dois primeiros jumbos brasileiros (PP-VNA e PP-VNB) chegaram quase juntos ao Rio de Janeiro, e o terceiro (PP-VNC) foi entregue no mes seguinte. Além deste fato que por si só é curioso, os trigêmeos líbios que voaram nas cores da pioneira eram da versão "Combi", ou seja, possuíam uma porta de carga na parte traseira esquerda da fuselagem para operações mistas (passageiros/cargas).
FÁBIO LUÍS FONSECA © Site AeroEntusiasta |
VARIG © |
Quatro anos depois a frota aumentou para cinco Jumbos, com a chegada de dois 747-300C (PP-VNH e PP-VNI), a versão mais moderna e recém lançada pela Boeing e com a mesma capacidade mista dos primeiros (passageiros e cargas).
Em 1987 o sexto 747 veste as cores da Varig. Desta vez foi um arredamento de quase 16 meses de um 747-200 "full-pax" (sem porta de cargas no piso superior) da South African Airways (PP-VNW). Os motores Pratt & Whitney e a pintura incompleta o diferenciavam do restante da frota, padronizada com motores General Electric.
NICOLA MARASPINI © via Airlines |
Três 747-300 "full-pax" foram recebidos em 1988 (PP-VOA, PP-VOB e PP-VOC), fechando nove Jumbos que usaram as cores da Varig.
Os últimos e mais modernos 747 a voar para uma companhia brasileira tiveram passagem relâmpago. Recebidos pela Varig entre 1991 e 1993 os Boeing 747-400 (PP-VPI, PP-VPG e PP-VPH) voaram apenas três anos e foram devolvidos aos proprietários por conta dos elevados custos operacionais para a companhia que não apresentava boa saúde financeira.
Era o sinal vermelho acendendo na Varig. O cinto foi apertando e gradativamente a frota foi parando e sendo devolvida.
O último voo operado por um Boeing 747 com bandeira brasileira na fuselagem foi em 06/JUN/1999. Na ocasião o 747-300 PP-VOC, realizou o voo RG839 de Nagóia/Japão para Guarulhos/SP (GRU) com escala em Los Angeles/USA (LAX). Para fechar a triste história com bastante dramaticidade, devido às más condições meteorológicas em São Paulo o voo alternou o Galeão/RJ (GIG). A tarde o "Victor-Oscar-Chalie" fez o voo RG8939 do GIG para GRU, encerrando as operações comerciais do "Rei dos Céus".
O último voo operado por um Boeing 747 com bandeira brasileira na fuselagem foi em 06/JUN/1999. Na ocasião o 747-300 PP-VOC, realizou o voo RG839 de Nagóia/Japão para Guarulhos/SP (GRU) com escala em Los Angeles/USA (LAX). Para fechar a triste história com bastante dramaticidade, devido às más condições meteorológicas em São Paulo o voo alternou o Galeão/RJ (GIG). A tarde o "Victor-Oscar-Chalie" fez o voo RG8939 do GIG para GRU, encerrando as operações comerciais do "Rei dos Céus".
HAJIME SUZUKI © via Airlines |
Entre 1981 e 2000 passaram pela frota da Varig doze aeronaves de três modelos diferentes.
- PP-VNA (B747-200 # cn 22105 ) FEV/1981 - MAR/1996 * primeiro Jumbo do Brasil
- PP-VNB (B747-200 # cn 22106 ) FEV/1981 - JAN/1996
- PP-VNC (B747-200 # cn 22107 ) MAR/1981 - MAI/1996
- PP-VNW (B747-200 # cn 20238) ABR/1987 - AGO/1988 * arrendado da SAA
- PP-VNH (B747-300 # cn 23394) DEZ/1985 - AGO/2000
- PP-VNI (B747-300 # cn 23395) DEZ/1985 - MAI/2000 * último Jumbo a deixar o país
- PP-VOA (B747-300 # cn 24106) ABR/1988 - ABR/2000
- PP-VOB (B747-300 # cn 24107) MAI/1988 - JAN/2000
- PP-VOC (B747-300 # cn 24108) MAI/1988 - JAN/2000 * realizou último voo comercial de 747 no Brasil
- PP-VPI (B747-400 # cn 24896) SET/1991 - JUL/1994
- PP-VPG (B747-400 # cn 24956) JUN/1992 - SET/1994
- PP-VPH (B747-400 # cn 24957) ABR/1993 - SET/1994
Acabou? Não! Ainda teve um Boeing 747 que recebeu as cores de uma companhia brasileira, mas nunca voou.
ANDY MARTIN © MZJ 1997 |
Em meados de 1996 a cargueira AeroBrasil (1980-1997), subsidiária da Transbrasil, reservou no Departamento de Aviação Civil (DAC), atual ANAC, a matrícula PT-TDE para o primeiro Boeing 747-100F do Brasil.
A aeronave escolhida foi o N478EV (cn 21033) da companhia norte-americana Evergreen, que há algum tempo arrendava as suas aeronaves para voos internacionais da AeroBrasil. No início de 1997 o Jumbo foi fotografado no Centro de Manutenção da Evergreen em Marana/USA (MZJ), com o novo padrão de pintura especialmente criado para a ocasião e que lembrava as cores da Interbrasil Star, companhia regional do grupo.
A crise que o Grupo TransBrasil estava mergulhado exigia medidas drásticas para manter a operacionalidade da empresa mãe. Em FEV/1997 os dirigentes decidiram encerrar as operações da AeroBrasil Cargo e o sonho do 747 terminou sem sair do chão. A aeronave retornou para a Evergreen onde voou até 2006.
TEXTURAS BRASILEIRAS © Arte da pintura (747-400F) |
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